Já chega. É demais!
Passo a explicar. Cortei o cabelo, troquei a vestimenta preta por uma branca, troquei o turbante por um daqueles chapéuzinhos que se botam no alto da cabeça. Continuo a vestir um manto e até tenho um crucifixo ao pescoço! Nem reconhecível nem confundível! Assim pensava eu.
Estava muito descansado em Fátima, a admirar a escadaria e aquelas estátuas todas, sentadinho na boa, numa cadeira que lá estava, quando, de repente um grito alucinado cortou o ar: "O Papa!", alguém berrou a plenos pulmões! Pus-me logo à procura, olhando para trás de mim, pois o grito foi acompanhado de um dedo apontado qual espada esgrimindo o ar na minha direcção. Mas não. Nada atrás de mim. Era eu mesmo...
Não é que me confundiram com o senhor que manda no Vaticano? Eu que até já lá estive e nunca o vi! Impressionante. Devem imaginar o que foi ser o Papa sem o "papamobil" no meio de uma pequena multidão de fieis crentes naquilo que os seus olhos vislumbravam!
Rapidamente se fizeram ouvir os comentários de apresso pelas minhas... perdão... pelas políticas inovadoras do senhor do Vaticano. "Que modernidade as missas em Latim!", "Que espanto receber a hóstia de joelhos!", "Que bom não usar preservativo!"(esta última cheira-me que foi de uma jovem de mini-saia que por ali andava).
Mas estão todos loucos? Para além de mais uma vez me confundirem com outro alguém, ainda vêm com esta conversa de modernidade a dizer que "Assim é que a igreja católica vai ganhar mais adeptos!" (não será mais fiéis?), "Assim é que a igreja vai conquistar a juventude perdida mostrar-lhes o caminho!". Será mesmo?
Esta até nem foi das piores vezes que me confundiram, pois até fiquei inteiro e com mais uns euros no bolso. Mas acho que preferia ser confundido com muitas outras coisas antes de o ser com um Papa que se diz tão moderno, e tão a olhar para a juventude de hoje em dia, e que continua teimosamente a manter os olhos fechados ao que se está a passar no mundo.
Acho que a igreja católica de hoje (fora o comentário) é a mesma que ficou parada no tempo há 100 anos atrás. É que basta sair à rua para um sítio de "diversão nocturna" para perceber que os jovens e as jovens cada vez mais querem o celibato! Mas que porra! Será que não percebem que no meio da coisa toda ainda vão tendo alguma responsabilidade social e que aquilo que condenam como pecado (o uso do preservativo, por exemplo) pode ser a salvação de muitas boas alminhas?
Tudo bem. Lá fiz o meu papel. Já começo a estar habituado a isto de ser confundido com alguém, por muito que tente passar despercebido!
Para a próxima vou tentar que me confundam com um herói da bola! Pode ser que assim renda mais. E nem é muito difícil: ar de parvo, roupa da moda, umas jóias caras, andar de perna aberta e arqueada e... pronto! Qual Cristiano!
Vou-me embora.
Gervásio Piteiras
P.S.: Ninguém tem mesmo ideia de quem é aquela senhora nas fotos?
terça-feira, 16 de setembro de 2008
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